segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Desliguei a televisão,

parei de tomar café, esqueci os remédios, mudei minha receita. Continuo andando pela escuridão á sua procura. Meu amor, onde está? Ainda sonho com o seu sorriso, essa dor ainda pulsa viva dentro de mim, apenas deixei pra lá. Sua intensidade me machucou. Lembra-se de sua promessa? Ainda não recebi meus lírios. Joguei minha angustia nesse mar inexistente, junto com todo esse sentimento que o sinto, nada sumiu, o sentimento  veio carregado com a saudade de seu olhar, este que me intrigava, ele te revelava. Sempre foi assim, seu olhar negro me encarando dizendo quem era você. Cortei meus cabelos, deixei minha unha crescer. Tentei me desapegar de ti, esquecer suas vontades, mas assim como a televisão, mesmo desligada ela ainda ocupa uma tomada. Diga-me, por onde andas? Porque foi assim, tão depressa? Você sabia que eu odiava despedida e nos fez ter uma. Sua culpa. Minha alma chorou naquele dia. Meu relógio parou, o café esfriou, traga-me os remédios com um copo de água. Gustavo, eu enlouqueci, eu sei. Internei-me. Vivo presa nessa angústia, internei-me na dor. Tire-me daqui. Sua culpa, eu não consigo olhar para o tempo, eu me perdi nele. Diga-me meu amor, que dia é hoje? Há quanto tempo se foi? Volte para mim. Gustavo? Estais me escutando agora? Diga a eles que eu te amo. Não é loucura, é amor. Mesmo que os dois sejam sinônimos, eles não entendem. Internei-me, onde? Em minha consciência, venha, me tire de minha escuridão. Escuto nossa música todos os dias, você ainda se lembra dela? Sinto o seu cheiro em meu quarto. Ando pelas ruas na esperança de passar pela praça e te ver. Porque evitastes o parque? Adorava sentar debaixo de uma árvore e ler, eu não irei lhe incomodar. Quero-lhe de volta apenas se quiser vir. Encontre-me algum dia pela esquina, talvez eu deva ter esquecido meu sorriso contigo, quem sabe ele não esteja ao seu lado? Passe na minha janela, estarei escrevendo, jogando minhas palavras na brisa. Estou passando mais tempo dormindo, venha , apareça para mim. Eles acham que estou louca, diga-lhes meu bem, não é loucura. Perdi-me atrás de uma paixão, te criei dentro do meu coração, não fuja de mim meu amor. Eu sei que estais dentro de mim, ainda espero te ter. Traga-me os remédios Gustavo, não fuja, volte para mim. Meu amor está lhe sentindo, você voltou para mim? Meu bem me devolva o meu coração, traga o meu ar…

- Querida? Querida? Acorde, está na hora do seu rémedio. - dizia a enfermeira com os meus calmantes mais uma vez, ao fechar a porta, pensou alta. - Uma pena, cada dia mais doente. - Fechei os olhos fortemente, ele estava me esperando...

|Erika Bastos

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