domingo, 14 de outubro de 2012

Brincando de ser poeta

Gostar de escrever é um saco, você se cobra, se desdobra. Quer rimar as poesias, escrever sua vida, prender palavras, gastar a tinta em uma folha tão branquinha. Quer voar em mares, conhecer lugares, apenas com algumas pontas de lápis. Quer acabar com a angustia, mas se prende no amor. Finge ser poeta, da pinta de escritor, chora com a novela e não para de sentir dor. Mas, mesmo assim gosta de se prender na literatura, gosta mais ainda quando elogiam sua caligrafia. Escrever é se encontrar na esquina que você se perde, é ter o prazer de contar o que lhe aborrece, é comprar um café e escrever um versinho no guardanapo pro cara que ta comendo, ali do seu lado. Afinal, o que seria do amor sem um escritor?

|Erika Bastos

Uma tarde de domingo

Uma tarde de domingo e uma xícara de café,
Uma música, um livro, uma lembrança.
Uma tarde de domingo e uma folha em branco,
Um olhar, um sorriso, um toque.
Uma tarde de domingo e o meu amor voando,
Um beijo, uma saudade, um adeus.
Uma tarde de domingo e estou te perdendo,
Uma flor, um cheiro, um nome.
Uma tarde de domingo e está chovendo,
Uma alma, dois corpos, um nós.
Uma tarde de domingo e estou chorando,
Sem você, aqui, não da mais.
Uma tarde de domingo e uma vontade,
Te abraçar, bem forte, esquecendo tudo, enfim.
Uma tarde de domingo e um frio enorme,
E aqui estou, logo eu, prolongando o fim.
Uma tarde de domingo e estou escrevendo,
Me lembro de ti do mesmo jeito, do amanhecer até quando me deito.
Uma tarde de domingo e estou acordando,
Já acabou, eu sei, mas das nossas lembranças, eu sou refém.
Uma tarde de domingo e estou partindo,
Sei que não me quer, então, estou indo.
Uma tarde de domingo e você,
Que sempre me deixou tão solta…
Uma tarde de domingo e eu,
Que sempre lhe quis tão perto…
Uma tarde de domingo e o café acabou,
Junto com a nossa história que mal começou.

|Erika Bastos