domingo, 30 de outubro de 2011

Olá menino da praia,

Encontrei sua garrafa por acaso, não que eu ande olhando para o chão procurando por algo assim, mas encontrei sem querer, ela estava em um lugar especial. À abri e li as cartas dentro dela, me desculpe por isso. Deduzo que seja um garoto, suas letras tem formas grandes, suas palavras são precisas, não existe tanta delicadeza em seus parágrafos, mas são encantadores, se for uma menina, me desculpe novamente.
Em uma das cartas você diz que espera que alguém as leia e responda-as. Estou tentando fazer isso. Bem sei que eu não sou o destinatário desconhecido, afinal, nem sei quem é você. Mas, gostaria de lhe falar algumas coisas. Sabe, me encantou perdidamente em saber o amor que tens com as coisas simples, a lua, a chuva, a tristeza, a escuridão.. Temos gostos muito comuns, curiosidades parecidas, gostaria que respondesse minhas cartas, gostaria de trocar pensamentos com alguém distante, trocar opiniões sem trocar olhares. Você tem palavras maduras, mas parece ser tão jovem, sua alma não é mais jovem certo? O sofrimento nos envelhece, eu sei. Seus sentimentos escritos com esse peso nas palavras, são encaixes perfeitos de um coração sem peças. Escrevo-lhe olhando a lua, linda ela, não é mesmo? Espero que leia sob a luz do luar, assim sentirá o mesmo que eu. Em algumas das cartas, fizestes inúmeras comparações da chuva com a sua alma, estais chorando tanto assim? Que coincidência, começou a chover, sua mente esta cansada? Está chovendo muitas coisas, talvez, você devesse entender o porquê de chorar tanto, e não pensar no motivo da chuva, ela chora todos os dias em algum lugar e é admirada por vários, mas e você? Porque choras? Me perdi lendo sua escrita, deixando meus olhos transbordarem quando li sobre o mar. O mar me trás muitas lembranças. Nunca imaginei que alguém tão triste, admiraria a tristeza como você. Posso lhe fazer uma pergunta? Tens medo da escuridão?
Eu particularmente perdi o medo desde que achei a lua, seu brilho ilumina qualquer escuridão, inclusive a escuridão da mente. Já reparou? Tenho uma paixão um tanto quanto secreta pela lua. Acho a escuridão uma coisa tão viva, só quem está vivo consegue ver o escuro, consegue sentir dor, ficar triste, e a lua prova isso. Gostaria de entender o porque dessa garrafa, escreve á um alguém distante? Em um tempo distinto? Espero que suas palavras voem com a briza, e cheguem aos ouvidos de quem deseja. Queria saber, poderei continuar lhe escrevendo? Adoraria voar com as letras e mergulhar no mar junto com sua garrafa.
- Ei, está me escutando? Jogarei palavras ao vento em sua direção..

Palavras curiosas,
de uma curiosa distinta.

|Erika Bastos

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