quinta-feira, 3 de julho de 2014

Um dia você vai estar sozinha, vai fechar os olhos e tudo ficará escuro. Os números da sua agenda passarão claramente em sua frente e você não terá nenhum pra discar.
Sua boca vai cair tentando chamar alguém, mas não há ninguém solidário o bastante para sair correndo imediatamente e te dar um abraço, nem te colocar no colo ou acariciar seus cabelos até que o mundo pare de girar. E nessa fração de segundos, quando seus pés se perderem do chão, você vai lembrar da minha ternura e do meu sorriso infantil.
Virão súbitas e gostosas memórias dos meus abraços e beijos, da minha preocupação, e só vai ter algumas músicas se repetindo no rádio: as nossas.
Em um novo momento você vai sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vai torcer bem forte para termos nosso mundinho delicioso apenas mais uma vez. O nome disso é saudade, aquilo que eu tinha tanto e te falava sempre.
E quando você finalmente resolver discar o meu número, ele estará ocupado, ou nem será mais o mesmo, ou pode ser até que eu nem queira mais te atender. E se você bater na minha porta estará trancada, pode até estar aberta, mas lhe mostrará uma coisa vazia.
Seus olhos te ensinarão o que são lágrimas, aquelas que eu disse que ardiam tanto. O nome do enjôo que irá sentir se chama arrependimento, e a falta de fome que virá é a tristeza.
Então quando os dias passarem, e eu não te ligar quando nada de bom te acontecer e ninguém mais te olhar com meus olhos encantados..Você encontrará a famosa solidão.
A partir daí, o que acontecerá chama-se surpresa. E provavelmente o único remédio para todas essas sensações acima..
é o tal do tempo em que você tanto falava.